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domingo, março 07, 2010

Reality show: a vida como ela é ou como ela se apresenta?

Estamos de olho...
*Paulo Nunes
Em nossa vida existem coisas que são boas e que desejamos que se repetissem: uma viagem, uma música, uma comida, uma bebida, um namoro, um beijo, uma novela, aquela cena, o grupo de jovem, etc. Em contrapartida, existem coisas que não desejamos que se repetissem: uma discussão, uma nota ruim no colégio ou na faculdade, aquele programa, aquele filme, etc. Contudo, existem coisas, como os certos programas de Reality show, que nunca deveriam se repetir, muito menos ter existido e encontrado espaço, depois das redes americanas, em nossa programação televisiva. Mas, afinal, o que é um Reality show? Em que contribui para a nossa educação e para a nossa cultura? Em que aspectos a participação, nestes programas, torna a pessoa mártir ou herói? O Reality show é uma nova “cultura” a enriquecer-nos ou um atrofiamento da inteligência humana? Faz-nos pensar ou pensam por nós? Um Provérbio persa diz que “duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se”. Portanto, usando de minhas pequenas faculdades, peço desculpas pela manifestação de minha insatisfação e licença, aos que apreciam este tipo de brincadeira de mau gosto, para fazer algumas considerações acerca desta promiscuidade, denominada “show da realidade”.

Neste programa, temos como atrativo: pessoas de diferentes culturas, pensamentos, opção sexual, religião e profissão, mas com o único ideal: chegar a final e ganhar um milhão e meio de reais, pousar nú ou nua numa revista etc. Mas, para isso, expõem-se às diversas câmeras espalhadas por uma casa ou fazenda luxuosa que filmam, inclusive a intimidade das pessoas. A ganância por fama, sucesso e dinheiro tem feito diversas pessoas, muitas vezes, deixarem suas profissões para aderir a este suposto e efêmero “emprego”, onde se oferecem vagas todos os anos em determinado período. É difícil entender como é possível uma pessoa em sua sã consciência se expor publicamente, desta forma. A intenção do programa nada mais é que colocar as pessoas, nas mais variadas situações, para provocar intrigas, brigas, levar a sociedade a ver a “vida como ela, supostamente, é”, sem nenhum critério ético ou moral. Confrontar as pessoas e mostrar o que elas têm de pior, como fazemos com ratos em laboratórios. Contudo, a vida não pode se resumir em depravações sexuais, fantasias, mentiras, simulações de sentimentos e relacionamentos para enganar o público. Confunde-se a forma da vida apresentada, com a vida propriamente dita.

Todos os dias, ao ligarmos a TV e encontrarmos programas deste tipo, em diversas emissoras, muda-se, apenas, o nome, mas a idéia é a mesma. Não sei se o pior são os produtores que investiram nestes programas ou os telespectadores que perdem tempo assistindo este tipo de anomalia televisiva, ou ainda, as pessoas que gastam dinheiro enriquecendo as operadoras e estas redes de TV, participando de votações para eliminar os moradores “heróis ou mártires” da casa ou fazenda. São milhões de reais gastos na manutenção deste tipo de programa. Este dinheiro não sai apenas do bolso dos grandes empresários, que bancam as festas luxuosas e exibem suas marcas excessivamente, mas, também, do bolso daqueles que ligam e participam da votação.

Não existe pudor, ética ou um cuidado especial para a transmissão de imagens destas pessoas, seja em suas intimidades fisiológicas, seja em suas intimidades sexuais em seus edredons, pois o que importa é “espiar”, tornar público o que é íntimo e particular, expor as pessoas ao ridículo e às muitas situações constrangedoras fomentando no telespectador o desejo de “espiar”, ver o que é de intimidade dos outros ou chegarem aos seus extremos. Dá prazer! É uma verdadeira cultura de voyeurismo... Queremos ver a intimidade dos outros e nos deliciarmos com isso.

Este tipo de programação alcança uma grande audiência na TV, porque existe um grande número de telespectadores não instruídos e que ainda não se deram conta do risco que eles correm aderindo a este tipo de “cultura” que não proporciona nenhuma educação aos filhos e nem muito menos contribui para os bons modos e costumes da sociedade. A empresa de Reality show no Brasil se enriquece a cada dia através da audiência, dos telefonemas realizados e das grandes empresas que usam deste meio para promoverem as suas marcas.

No horário nobre dado a este tipo de programa deve fomentar em cada cidadão/telespectador o desejo de lê um bom livro, ouvir uma boa música ou, ainda, zelar por uma conversa em família. Um horário de entretenimento como este deve ser um incentivo a sermos pessoas melhores. A agressividade com que estes programas invadem as nossas casas provoca feridas em nossos relacionamentos, não possibilita pensarmos, faz de nós,apenas, telespectadores e nada mais. As pessoas que participam destes reality’s shows são consideradas “heróis ou mártires”, como assim chama o apresentador de um dos maiores reality show assistidos no Brasil, que sendo uma pessoa tão inteligente, escritor, jornalista de respeito que cubriu muitos acontecimentos que marcaram o Brasil e o mundo, não entendo como se submete a este tipo de trabalho que mata a cultura e os valores éticos da família e da sociedade. Mas, que heróis são eles? São mártires por quê? Deram a vida por quem? A quem eles estão salvando?

Realmente, perdemos até o conceito das palavras que designam exemplo de vida e de entrega. É inaceitável que sejam considerados como heróis quem se submete, por dinheiro, a este tipo de trabalho. E ainda, menos aceitável que a palavra – martírio - aplicada a homens e mulheres que deram a sua vida pelo Reino de Deus, por valores cristãos e causas justas para a humanidade, seja aplicada a um bando de “coitados” que resolveram se trancar em uma casa desfrutando de uma vida suntuosa e que fazem de tudo por dinheiro: traem seus valores familiares, sua conduta ética e moral, expõem sua sexualidade e são capazes de fazerem de suas vidas, um jogo. Heróis, meu caro leitor, são os jovens que deixaram suas famílias para trabalharem no resgate de vidas no terremoto do Haiti, heróis são os bombeiros que arriscam suas vidas para salvarem vidas, pais de família que criam seus filhos ganhando salários baixos. Mártires são os ofereceram suas vidas para fazerem o Evangelho chegar a todos os cantos do mundo e que denunciam as injustiças de nosso tempo: Ir. Doroty, morta pelos grandes donos de terras, Dom Ascona, bispo ainda vivo, ameaçado pelos traficantes de menores, e tantos outros.

É preciso selecionar melhor o que devemos assistir, sermos protagonistas de nossa própria capacidade de falar, caso contrário, nos colocarão no “Paredão”, nos farão mudos, nos farão engolir coisas piores e nos obrigarão a dizer que é bom e que pode se repetir por mais dez anos. Já faz dez anos que estes programas chegaram a nossa casa e influenciaram negativamente em nossa vida. Dez anos de desperdício de tempo e dinheiro; de atrofiamento da inteligência, subestimação de nossa conduta ética e moral frente aos valores pouco lembrados. Dez anos que fizeram o telespectador se convencer de que a vida é assim, somente. Seja inteligente, pense, reflita e torne a sua vida mais produtiva... Somos mais do que nos apresentam sermos! Assista o que é bom e agradável a vida, a cultura e ao conhecimento. A escola da vida deve ser outra, não esta de insanidade cultural e intelectual, que desvirtua o que é lúdico e ético para a sociedade.

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