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sexta-feira, maio 21, 2010

Uma homília sobre a conclusão do Tempo Pascal e início do Tempo de Missão

Festa de Pentecostes
(Textos bíblicos da liturgia da Festa de Pentecostes: At 2, 1-11; I Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20, 19-23)
*Paulo Nunes
“Enviai o vosso Espírito, Senhor, e renovai toda face da terra” (Sl 103).

Caríssimos irmãos e irmãs, alegria, paz e bem!
Que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor incondicional do Pai e a unidade do Espírito Santo nos acompanhem em todos os momentos de nossa vida, de nossa comunidade paroquial e de nossa Igreja, no Brasil e no mundo, especialmente, neste Ano Jubilar Sacerdotal e, neste processo de purificação que a própria Igreja vive. Não podemos esquecer que estamos vivendo o mês de Maria e é válido lembrar que foi ela quem estava presente, juntamente com os apóstolos, quando houve a experiência de Pentecostes no Cenáculo. Na liturgia de Pentecostes tudo converge para o atual contexto em que vivemos na Igreja. Iniciemos, pois, nossa reflexão construindo uma ponte entre os dois tempos que a liturgia nos sugere: o primeiro é o Tempo Pascal onde vivemos a experiência do Ressuscitado e que completa seu ciclo depois de 50 dias após a Páscoa com a grande Solenidade de Pentecostes, que, no próximo dia 23 de maio, celebrará, e que obrigatoriamente nos oferecerá um segundo tempo, o da Missão da Igreja. O convite é de não mais vivermos de portas fechadas amedrontados pelos sistemas e pelas perseguições dos tempos atuais, mas de portas escancaradas, pois o advogado é o Espírito Santo, que é a alma da Igreja.

No entanto, como entender este tempo que se inicia? O que foi e o que é o Pentecostes na vida da Igreja? Sabemos pela história do povo de Deus que a Festa de Pentecostes já existia na tradição do povo antigo. Era a festa das semanas em que os agricultores colhiam as primícias das plantações e levavam para o sacerdote oferecer a Deus (Lv 23, 10). A Igreja deu a esta festa um significado maior: após sermos redimidos em Cristo e este ressuscitar, o Espírito Santo colhe as primícias de nossa vida e de nossos dons e oferece ao Pai. O Pentecostes acontece no seio da Igreja como a manifestação plena do amor do Pai, pois Ele não nos deixa só, mas nos dá o Espírito Santo e nos fortalece com seus dons. Santo Irineu (na obra Contra as Heresias, III, 17,1.) para falar da unidade do Espírito Santo recorre a uma imagem, dizendo que: ‘da farinha seca não se pode fazer, sem água uma só massa e um só pão, assim nós que somos muitos não nos podíamos tornar um em Cristo Jesus sem a Água que vem do céu’, o próprio Espírito Santo, a Água Viva. Lucas nos faz perceber, no relato dos Atos dos Apóstolos, que o Pentecostes veio para proclamar a Igreja de Cristo já pensada desde sempre, dando a ela os seus dons para que se inicie o Tempo de sua Missão: “... ir por todos os cantos e anunciar o Evangelho a toda criatura”.

Na leitura dos Atos, o relato nos diz que ‘os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar e se encheram do Espírito Santo’. A manifestação do Espírito Santo é o próprio Espírito Santo, que não é uma propriedade de um grupo, mas é um dom para toda Igreja. A Igreja vive fortalecida, animada e guiada pelo Espírito Santo, por isso suas decisões devem ser sempre em conformidade com a unidade do Espírito (‘o Espírito Santo e nós decidimos’). O Espírito Santo se manifesta na diversidade de dons e carismas da Igreja, assim como em Pentecostes os apóstolos oravam em línguas diversas (sinal da plenitude do Espírito em suas vidas), nossa Igreja é movida pela diversidade, mas o Espírito é o mesmo, é o Espírito que traz a unidade, ou seja, nos faz falar além de nossas línguas individuais, uma língua que é universal – comum a todos – e é esta língua universal que nos permite entender o outro. Não é a toa que alguns diziam quando presenciaram o Pentecostes: ‘como nós os escutamos em nossa língua de origem?’. A linguagem universal a toda a Igreja, é a linguagem do amor: quem não entende o gesto da mãe, quando acaricia o rosto do seu filho que se encontra magoado ou triste? Quem não entende o gesto de um padre que abaixa (emprestando) seus ouvidos para ouvir uma confissão com o coração piedoso? Quem não entende o olhar de uma pessoa apaixonada? Deus é um Deus apaixonado e nos olha e se comunica conosco pelo amor, por isso, nos deu o Espírito Santo.

Não obstante, na leitura aos Coríntios, Paulo nos diz que ‘ninguém é capaz de dizer que Jesus é o Senhor, se não for pelo Espírito Santo’, reconhecer tamanha grandeza é ser movido por Ele e impulsionado a uma vida n’Ele. Entender o Espírito Santo é saber que todo corpo tem muitos membros, mas que o corpo é um. Portanto, São Paulo nos exorta que somos em Cristo um só corpo e estamos n’Ele num só Espírito. O Espírito é o unificador, Aquele que traz a unidade e a paz na diversidade. O próprio Evangelho de João relata que Jesus Ressuscitado, primeiramente, aparece aos discípulos desejando a paz e então ‘sopra sobre eles o Espírito Santo para que possam ir anunciar o Evangelho a toda criatura’.

Concluímos o Tempo Pascal e, por isso, apagamos e retiramos o Círio Pascal, simbolizando o novo tempo da Igreja de Cristo, pois agora somos no Espírito Santo, luz no mundo. Jesus volta para o Pai e sopra sobre nós o Espírito Santo para que possamos falar no mundo de hoje a linguagem do amor e da paz, compreensível a todas as idades e todos os povos. Em nossas comunidades, por muitas vezes, não há entendimento porque falta o Espírito Santo, mas uma verdadeira Torre de Babel onde nossas línguas se estranham, e não nos entendemos: falamos muitas línguas diferentes e muitas vezes não falamos a língua universal, que é o amor. O amor de Deus que foi derramado sobre a Igreja. As nossas armas contra a injustiça, a opressão, a desunião e a desigualdade deve ser o amor, o Espírito Santo é o amor que nos preenche de dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. A Igreja vive no e pelo Espírito Santo de Deus e sem Ele, ela nada pode fazer. O Pentecostes não pode ser vivido na Igreja como um acontecimento remoto, mas como uma realidade constante. Contudo, ser discípulos e discípulas, missionários e missionárias do Salvador requer uma porção deste que é o Espírito Santo de Deus que renova todas as coisas e nos envia em missão.

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