SEJAM BEM VINDOS!

Sejam bem vindos (as)! "Que esta página virtual seja para você um espaço Teológico, Filosófico, Espiritual e Artístico-Cultural, capaz de proporcionar um diálogo com o mundo em suas mais complexas dimensões". Alegria, Paz e Bem!

sábado, março 19, 2011

Homilia - II Domingo da Quaresma Ano A

Homilia de Pe. Paulo Nunes
(Gn 12,1-4a; Sl 32; 2Tm 1,8b-10; Mt 17,1-9).

De Adão, que desfigura o rosto de Deus, à Abraão, que nos aponta o rosto transfigurado de Deus.

Queridos irmãos e irmãs,
Estamos vivendo a segunda semana do Tempo Quaresmal e as leituras nos mostram os mistérios de Deus que se revelam na humanidade. É-nos curioso, que a Igreja nos ofereça para a reflexão, nesta liturgia, o Evangelho da Transfiguração. A Igreja manifesta, assim, o desejo maior de trilharmos o caminho que Jesus quer nos oferecer: o caminho da Cruz e Ressurreição, da Desfiguração e Transfiguração. Graça dada a todos nós, pela fé.

Não é atoa que a primeira leitura, do livro do Gênesis, nos apresenta Abraão, como aquele que se tornara o pai da fé: “(...) engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção” (Gn 12,2). Este, diferentemente de Adão, soube fazer o caminho do Senhor, pela obediência da fé. Unicamente pela sua fé.

Se no primeiro domingo da quaresma pudemos fazer uma comparação entre Adão do paraíso e o Adão do deserto (Jesus), neste segundo domingo, podemos fazer algumas ligações entre Adão e Abraão: Adão, como aquele que desfigura o rosto de Deus com o pecado e mancha toda a criação; e Abraão, como aquele homem de fé que nos aponta o rosto transfigurado de Deus, que Mateus nos apresenta narrando a Transfiguração em Jesus: “E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17,2).

Tanto em Adão como em Abraão, encontramos uma realidade de êxodo: ambos saem de sua terra, de seu conforto e de sua vida. Porém, enquanto Adão sai porque é expulso por Deus, que ele vê, Abraão sai porque é chamado por Deus, que ele não vê. Adão quer possuir a terra, quer o paraíso, apega-se a sua condição e quer tirar proveito e ser igual a Deus. Abraão desapega-se de sua terra, de sua própria existência, abandona-se em seu Senhor. Por isso, Abraão ensina-nos o verdadeiro sentido da fé. Adão desconfia da Palavra de Deus e desobedece, enquanto que Abraão tem fé nas promessas de Deus. Adão mancha todas as gerações com o pecado e é amaldiçoado por Deus, Abraão recebe a promessa de bênção para ele e todas as gerações: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” (Gn 12,3). Portanto, enquanto Adão desfigura o rosto de Deus, Abraão nos aponta o caminho de fé de todo discípulo para encontrar-se com o rosto transfigurado de Deus, em Cristo Jesus, como fizera os discípulos Pedro, Tiago e João, os mesmo que acompanharão Jesus no Horto das Oliveiras.

Contudo, meus irmãos e irmãs, observemos que depois de Adão e Eva, Noé, a Torre de Babel... Deus, em Abraão, volta, mais uma vez, a dialogar com o homem ferido pelo pecado e teimoso em pecar, pois Deus quer salvá-lo. Abraão é o homem de fé, o exemplo de testemunho vocacional. A fé de Abraão nos faz enxergar o rosto transfigurado de Deus e olhar o nosso futuro escatológico, que outrora, havia sido desfigurado pelo pecado, e hoje, por tantas desgraças, como a droga, a violência, a fome, a guerra, o aborto...

Na Transfiguração, não existe mais a tenda da Shekinah (presença de Deus), pois a Shekinah, se realiza dentro de nós mesmos, como Jesus nos ensina no Monte Tabor, pela obediência da fé em Deus e em sua Palavra e no descer do monte e reconhecer o Cristo no outro, mesmo sendo um rosto sofrido, pois o nosso sofrimento é pelo Evangelho, como nos diz Paulo a Timóteo: “Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (2Tm 1,8b).

Assim, peçamos a Maria e a seu esposo José, que nos ensine a possuir uma fé, como a de Abraão, para que sejamos fortalecidos pelo poder de Deus e superarmos o sofrimento no discipulado e sermos capazes de enxergar a nossa própria glorificação, que vem do Cristo Jesus.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário