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quarta-feira, junho 16, 2010

“E a casa inteira encheu-se do perfume” (Jo 12,3b).

O perfume que vem do Espírito de Deus
Nos menores frascos encontramos os melhores perfumes... As rosas não falam, simplesmente exalam... Estas frases fazem parte do senso comum e exprimem poesia e encanto, contudo, ao percorrer o mundo bíblico, encontramos cenas que nos inspiram, palavras que nos encorajam e perfumes que sobem ao céu quando exalam seu aroma. Detenho-me, com muita estima a cena bíblica que retrata o encontro de Jesus com Lázaro, Marta e Maria em Bethânia (cf. Jo 12,1-8; Mt 266-13; Mc 14,3-9), na casa de Simão, o leproso, consequentemente excluído do convívio (cf. Mt 26,6; Mc 14,3). Mas, qual o diferencial que se encontra nesta passagem descrita no evangelho, por João? Onde fica Bethânia? Quem representa, em nossos dias, Maria de Bethânia? Qual o diferencial do seu perfume de nardo puro?

Maria de Bethânia é cada um de nós, aqueles e aquelas que esperam ansiosamente pela visita de seu Mestre e que ao recebê-lo quer dar o tudo como prova de amor. Mas, será que Jesus exigiria de uma pobre mulher mais do que o que ela poderia oferecer? Jamais. Na liberdade do coração, ela mesma oferece tudo: gasta seus salários (Jo 12,3), derrama sua vida e sua história nos pés e no coração de Jesus, conforme nos relatam os evangelistas. Mas, antes de aprofundarmos a dimensão deste gesto, lembremo-nos de Martha: mulher preocupada com as coisas doméstica, com o serviço da mesa, a organização da casa e do espaço para o acolhimento do seu Mestre. Seu papel, nesta história, não é inerte e insignificante, mas relevante pelo seu trabalho. Afinal, ela prepara o cenário que sucederia o grande gesto de amor.

Não podemos esquecer-nos de Lázaro: homem ressuscitado da morte, renovado pelo poder de seu amigo, Jesus (cf. Jo 11,1-40). Lázaro também se prepara para receber seu Mestre, aquele que devolvera a vida, a sua dignidade e a sua história. Lázaro tem uma relação de amor com Jesus, uma relação que rompe os laços da morte, uma aliança de fidelidade e amizade. Imaginemos quanto alegria deveria brotar de um coração ressuscitado que esperava aquele que o havia ressuscitado. Lázaro faz as honras da casa (cf. Jo 12,2), recebe Jesus em seu lar, conversa com o Mestre, ceia com Ele e agradece tamanha caridade.

Sendo assim, não poderíamos esquecer-nos de Maria, irmã de Martha. Havia naquele dia e lugar: um cuidado, expressado por Martha e um acolhimento, evidenciado por Lázaro, mas faltava alguém e algo que expressasse uma doação e um amor. Maria, simples como uma rosa, linda como o céu e singela, como a vida, desta mulher não poderia faltar amor e seu gesto seria lembrado para sempre. Não que Martha e Lázaro não tivessem expressado amor, mas ela foi quem maior evidenciou. Seu perfume era o seu tudo, trabalhou muito tempo pra comprar perfume tão caro, demoraram anos para que seus cabelos crescessem... seu gesto foi profético (cf. Jo 12,7) e diaconal: servir a Deus com alegria e derramar-se diante de seu Mestre reconhecendo-o como Senhor.

Neste dia, quebrou-se o alabastro de um novo perfume e caiu aos pés de Jesus. Maria doa-se por inteiro, inteiro amor, coração indiviso. Ela não usou uma toalha de renda, mas o enxugou com um pedaço de si, seus próprios cabelos. Tamanho gesto não poderia ficar preso num frasco de alabastro de perfume precioso, mas profeticamente deveria “encher a casa inteira com o seu perfume” (cf. Jo 12,3b). O cheiro do Nardo puro deixou de ser somente o perfume de Maria, mas juntou-se ao perfume de Cristo e invadiu não só a casa inteira, mas a vida de pessoas. Um novo aroma ensinava-nos a amar e a servir. Maria de Bethânia, mulher do bálsamo de Cristo, o ungido que se deixa ser ungido pelas mãos de uma simples mulher. Quem disse que as mãos mais pobres não têm nada a ofertar? Não podemos esquecer que o cenário desta história é a casa de Simão, homem leproso, esquecido pelo tempo e pelas pessoas. Sua casa enche-se de perfume e, com certeza sua vida passa a ter um novo cheiro. Quem recebe o perfume e não deixa o bálsamo exalar-se, perde-se o encanto, o poema e o cântico. O perfume pode se transformar num mal cheiro, desde que não saibamos servir com tamanho desprendimento, doação e verdade do coração.

Contudo, na vida sempre encontraremos alguns Judas que nos ensinarão a nos doar parcialmente com a desculpa de que devemos vender e dar aos pobres (cf. Jo 12,4-6), mas o coração simples e verdadeiro doa tudo de si, porque seu coração não é indiviso. O óleo de Nardo puro é unção da alegria, não tem preço, pois é dado pelo Espírito de Deus e fecundado no seio do mundo pelo amor e pela doação ao Cristo e aos menos favorecidos. A missão é árdua, difícil e se não há um bom perfume a ungir, suavizar e encantar os corações, a quem converteremos? Quem se encantará com o perfume não exalado do Evangelho, preso nos frascos de alabastros da vida e da história? O frasco do alabastro de nardo puro deve ser o coração de discípulo que se quebra nos pés do mestre e exala o aroma do amor, dado a nós pelo próprio Deus, como afirmara o apóstolo Paulo: “Em verdade somos para Deus o bom odor de Cristo, entre aqueles que se salvam e aqueles que se perdem” (2Cor 2,15). A experiência com o Senhor e de quem toca no discípulo deixa na pele e na vida o cheiro e frescor da alegria de quem encontrou a pessoa amada, Jesus Cristo, o perfume suave, o Nardo de nossa história. Mesmo porque, um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores.

3 comentários:

  1. Seu texto é um presente perfumado!

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  2. Shalom do Pai.

    Valeu meu caro irmão,
    obrigado pelo convite e atenção.
    Que Deus ilumine seus passos e te faça um Sacerdote configurado ao Bom PAstor.

    Pe. LAudimar

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  3. ESTE CONVITE ESTÁ SUBLIME E PERFUMADO, FAZENDO JUS À BELÍSSIMA CERIMONIA DO SEU DIACONATO....CONFORME LHE PEDI, ESPERO RECEBER A CÓPIA DA INEBRIANTE HOMENAGEM QUE VCS. PRESTARAM, NAQUELE DIA, A TODOS OS SEUS BENFEITORES...FIQUEI IMAGINANDO O QNTO PE. MATHON ESTÁ FELIZ POR VC....ABS, IRACY

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