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segunda-feira, agosto 09, 2010

Alguns dos principais momentos históricos da História de Israel

A formação do Povo de Deus
Paulo Nunes
Falar do Povo de Israel não é somente falar de um relato bíblico, mas de um marco na história da humanidade e que nos faz enxergar o Deus Criador como companheiro e que adentra a história humana para fazer história. É da mão de Deus que o povo se constitui e desaparece, mas é acima de tudo o homem conhecendo Deus e Deus se revelando ao homem. Compreender o Antigo Testamento é desnudar a vida e caminhada de um povo que experimenta a fé, e nesta consegue dar passos no linear da história. O começo do Povo de Israel e sua salvação dar-se por volta do século XVII a.C., com os patriarcas: Abraão, Isaac e Jacó – Abraão, por sua vez, primeiro patriarca, foi o Pai da fé. Entra na história para fazer história, constituir um povo e guiá-lo, pois a sua vida foi marcada pela fé e pela coragem ao dar seu sim ao chamado de Deus. Foi mais que um chamado a seguí-lo, foi um chamado a EX ISTERE – a existir – sair da terra natal para uma terra ainda para conquistar. Abrão veio da Mesopotâmia, da cidade de Ur dos Caldeus e deixou sua terra e seus planos para seguir o caminho da promessa de uma terra dada por Deus.

Abrão com seu sobrinho, Ló e sua esposa Sarai, saem em busca desta terra. A Mesopotâmia ainda vivia nos esquemas das cidades-estado e as religiões eram muito bem organizadas, tanto é que os mitos surgem nesta região, grandes literaturas e muito mais produções. Os patriarcas e crentes no Deus Único - estabelecem-se na Terra de Israel. A fome força os hebreus a migrar do Egito. Em meados do século XIII o grande Êxodo os faz deixarem o Egito, pois o seu sistema político comandado pelos hicsos, passam a escravizar os cananeus e hebreus, porém, com esta invasão dos hicsos (governadores dos povos estrangeiros, verdadeiros habirus e muitos outros povos) consegue subir ao poder, José. Mas, o povo conduzido por Moisés, vaga no deserto durante 40 anos. A Torá, que inclui os Dez Mandamentos, é recebida no Monte Sinai, para reorientar o povo que em busca de consolo passa a adorar o deus de madeira (Nasce a Torá).

Os Profetas também fazem parte desta história e eles são aqueles que, movidos por profunda experiência espiritual, intuem os desígnios de Deus. O profetismo bíblico surgiu com Samuel no século IX a.C. No século IX a.C., destacaram-se Elias e Eliseu. Porém, o período de ouro da profecia foi no século VIII a.C., com Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. No final do século VII e início do século VI a.C., a profecia declinou após Sofonias, Habacuc, Jeremias e Ezequiel. Até que apareceu, tempos depois, o profeta da esperança, da justiça e da misericórdia, Jesus de Nazaré. Samuel é destacado como um profeta dado por Deus, pois o povo hebreu havia clamado um rei, mil anos antes de Cristo. O sistema comunitário, tribal, seria sucedido pelo monárquico. O modelo egípcio, de autocracia faraônica, causara impressão nos escravos libertos. Samuel tentou convencer o povo de que o modelo do opressor não servia a quem fora oprimido:

Este é o direito do rei que reinará sobre vós: (…) os fará lavrar a terra dele e ceifar a sua seara, fabricar as suas armas de guerra e as peças de seus carros. Ele tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará os vossos campos, as vossas vinhas, os vossos melhores olivais, e os dará a seus oficiais. (…) Exigirá o dízimo dos vossos rebanhos, e vós mesmos vos tornareis seus escravos. (1 Samuel 8,11-17).

Em decorrência dos fatos os reis de Judá e de Israel se tornaram semelhantes ao Faraó, por volta dos séculos IX e VIII a.C. Para se manter no poder, os reis preferiam recorrer ao apoio das potências imperialistas a confiar em Javé. Ora, toda aliança política se resume em buscar ampliar seu poder à custa do outro. Ninguém faz aliança para perder. Samaria, capital do reino de Israel (Norte), caiu em mãos do Império Assírio, e Jerusalém, capital do reino de Judá (Sul), foi arrasada pelo Império Babilônico. Consumidos pelo amor a Javé, os profetas bíblicos denunciaram erros dos reis e do povo; constituíram grupos de discípulos; proclamaram as derrotas (o cativeiro na Babilônia) em função de políticas equivocadas dos reis; solidarizaram-se com o povo, a quem ajudaram a ler os fatos históricos à luz da fé.

Há na história um descompasso entre os desígnios de Deus e a política dos homens, que gerou uma contradição entre o profeta e o poder político. Samuel chocou-se com o rei Saul; Elias com o rei Acab; Isaías com o rei Ezequias; Ezequiel com o rei Sedecias; Jeremias com o rei Joaquim, a quem chamou de corrupto (22, 13-19). Com o exílio dos hebreus na Babilônia (586-538 a.C.), encerra-se a "profecia da catástrofe" e, ali, se inicia a profecia da libertação: "Teu futuro é feito de esperança" (Jeremias 31,17). Entretanto, o profeta é sempre sinal de contradição (Jeremias 15, 10-15). O profeta é, na história, um pedagogo. Um dos exemplos mais místico é o da visita do profeta Natã ao rei Davi (2 Samuel 12, 1-10). O profeta conta ao rei: - Havia dois homens na mesma cidade, um rico e outro pobre. O rico possuía muitas ovelhas e vacas. O pobre, uma única ovelha, que cresceu com seus filhos, bebeu de seu copo, dormiu em seu colo. Era como uma filha. Um hóspede veio à casa do homem rico. Ele não quis tirar uma de suas ovelhas ou vacas para servir ao viajante que o visitava. Tomou a ovelha do vizinho pobre e a ofereceu à sua visita. Ao ouvir o relato, Davi, enraivecido, decretou a morte do homem rico. Natã o fez admitir que este homem era ele, o rei Davi, que tomara do guerreiro Urias a mulher Betsabéia, tramando para que o marido dela fosse colocado no ponto mais perigoso da batalha. O poder possui o monopólio da violência. E, por vezes, sacrifica inocentes em função de seus propósitos. Cabe ao profeta denunciar os abusos.

É no êxodo, na Terra de Israel entre o povo hebreu, que um outro povo nasce, judeu. Transcorreu-se então, uma etapa significativa de sua longa história, cujo primeiro milênio está registrado na Bíblia; formou-se uma identidade cultural, religiosa e nacional; e nela se manteve ininterrupta, através dos séculos, sua presença física, mesmo depois do exílio forçado da maioria do povo. Durante os longos anos de dispersão, o povo judeu jamais rompeu ou esqueceu sua ligação com sua terra. Entre os séculos XIII e XII os israelitas se instalam na Terra de Israel e em 1020 para um melhor sistema de governo aparece no palco da história o sistema monárquico judaica que é estabelecido em Saul, o primeiro rei. Jerusalém torna-se a capital do reino de David. Em 960 a.C. o Primeiro Templo, centro nacional e espiritual do povo judeu, é construído em Jerusalém pelo Rei Salomão. Porém, em 930 a.C. ocorre a divisão do reino: Judá e Israel. O reino de Israel é destruído pelos assírios; 10 tribos são exiladas (As "Dez Tribos Perdidas"). Já em 586 a.C. o reino de Judá é conquistado pela Babilônia, Jerusalém e o Primeiro Templo são destruídos; a maioria dos judeus é exilada. Inicia-se na história do povo de Deus dois novos períodos, o Período dos Persas e dos Helênicos, por volta dos anos 536-142 a.C., sendo que em 538-515 a.C. muitos judeus retornam da Babilônia e o Templo foi reconstruído. Em 332 a.C. Alexandre Magno conquista o país e o domínio passa a ser helenístico.

Constitui-se, por volta de 166-160 a.C. a Revolta dos Macabeus (Hasmoneus) contra as restrições às práticas do judaísmo e a profanação do Templo que pouco tempo depois na autonomia judaica fica sob a liderança dos Hasmoneus. Já em 129-63 a.C. a Independência judaica supera o poder monárquico dos Hasmoneus e em c. 63 a.C. Jerusalém é capturada pelo general romano Pompeu.

O judaísmo se apresenta no decorrer da história como uma religião revelada e de origem antiga, por ter nascida no seio do povo de Israel, porém, vão surgindo seitas diversas, em grupos, como:

Os Fariseus foram sucessores do hassidim ("os piedosos") do Sec. II a.C., formavam um partido religioso puritano e seu principal interesse era a observância da Lei de Moisés, conferiam igual valor às tradições dos anciãos e às Escrituras Sagradas. Acreditavam na existência dos anjos e demônios, na vida após a morte e davam grande ênfase aos aspectos práticos de seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras assistenciais. Os fariseus eram poucos, mas sua influência social e político era considerável, em maioria os escriba, eram fariseus. Sua rigidez e separatismo degenerou-se em mero legalismo, e em arrogância e menosprezo pelos demais. Na época de Jesus, Ele não criticou a ortodoxia e seus ensinamentos, mas o orgulho e a falta de amor.

Um outro grupo judaico era de Saduceus, em sua maioria, eram sacerdotes e ricos aristocratas. Não reconheciam a autoridade da tradição oral. Negavam a existência do mundo espiritual. Não criam na ressurreição dos mortos nem na vida após a morte. Eram simpáticos a cultura helenística e interpretavam a Lei de maneira literal. Contavam com pouco apoio popular. Eram reconhecidos como adversários dos Fariseus e aceitavam como canônicos apenas os livros de Moisés.

Os Essênios formavam uma seita monástica e ascética que vivia no deserto da Judéia, às margens do mar Morto. Eram praticamente desconhecidos até a descoberta dos manuscritos do mar morto em 1947. A Seita da Comunidade de Qumran foi organizada por um "Mestre de Justiça" no Sec. II a.C. Consideravam-se "Os Filhos da Luz". Viviam completamente separados, e consideravam os Judeus Apóstatas. Aguardavam o dia da batalha final, quando obteriam vitória sobre "Os Filhos das Trevas". Esperavam a vinda de DOIS MESSIAS, um sacerdotal e outro Real. Eram radicalmente dualistas em seus conceitos. Desapareceram por volta de 73. a.C., na época da conquista da fortaleza de Massada pelos Romanos.

Os Zelotas, portanto, eram os fundamentalistas reacionários do povo judeu. Acreditavam que a submissão a Roma fosse traição à Deus. Eram conhecidos também como CANANISTAS. Pelo menos um dos apóstolos havia sido zelote, SIMÃO (Pedro). Foram eles que provocaram a religião que culminou na destruição de Jerusalém em 70. Eram o terror dos soldados romanos, já que suas incursões eram realizadas sob o manto da noite.

Em 63 antes da Era Cristã o domínio passa a ser dos romanos, especialmente por volta de 37 a.E.C. - 4 E.C. o rei Herodes, vassalo romano, governa a Terra de Israel e o Templo de Jerusalém é reformado. O tempo histórico muda e a promessa do Messias fica cada vez mais latente, surgindo no palco da história do homem, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. De acordo com alguns dados, não tão precisos, entendende-se que a cronologia da vida de Jesus registrado pelos evangelistas não possuem um caráter biográfico da pessoa de Jesus, mas de acordo com algumas aproximações foram recolhidos alguns dados sobre este Homem-Deus que mudou a história da humanidade, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Seu nascimento se deu no reinado de Herodes, o Grande, durante um censo ordenado por Augusto e realizado por Quirino, governador da Síria. O censo que outrora ocorrera neste período era pra discutir sobre os impostos.

O Evangelho de Lucas, muito embora não tenha precisão nas datas históricas, no capítulo 3 versos 1-2 retrata o anúncio de João Batista trazendo assim o início da vida pública de Jesus, por volta de 20-33 d.C. no seu encontro social com seu povo realiza o primeiro milagre ao transformar água em vinho, em seguida depois de voltar da Páscoa de Jerusalém faz o milagre dos pães e dos peixes e assim o pequeno homem de Nazaré é conhecido e uma multidão o seguia, despertou a ira dos poderosos e ganhou sua antipatia, chegando a morte, morte de cruz. Em 66 d.C. ocorre a Revolta dos judeus contra Roma. Portanto, em 70 d.C. acontece a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo e em 73 d.C. o último bastião judeu em Massada. Pouco tempo depois, acontece a Revolta de Bar Kochba contra os romanos e em c. 210 d.C. concluí-se a codificação da Lei Oral judaica (Mishná) e em 390 d.C. concluí-se assim o comentário da Mishná (Talmud de Jerusalém).

Contudo, entre o Velho e o Novo Testamento há um período denominado "intertestamento". E nesse período a produção de textos relativos a Jesus Cristo e ao próprio Velho Testamento foi enorme. Tais textos eram classificados como "judaicos", "cristãos" e "gnósticos", e havia muita rivalidade entre as seitas que os adoravam. Quando a Igreja primitiva começou a força fez queimar textos que considerava "heréticos", e alguns deles só se salvaram graças às suas traduções para o grego. Finalmente, em um dos primeiros Concílios, alguns desses textos foram escolhidos por serem considerados "inspirados" pelo Espírito Santo e a eles foi atribuída "autenticidade", por isso, hoje, temos os textos dos Evangelhos Apócrifos. A história do povo de Israel não se esgota, pois é marcado de profunda riqueza em experiência de Deus e ao mesmo tempo demonstrando a fraqueza humana.

Referência:
HARRINGTON, OP, Wilfrid J. Chave para Bíblia. A Revelação – A Promessa – A Realização. Editora Paulus. São Paulo, 2002.

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