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domingo, agosto 01, 2010

Um pequeno insite midiático

Quando a mídia torna-se lixo
Por Diácono Paulo Nunes
Caro leitor, quero iniciar esta pequena reflexão com um grito: “Socorro, meu Deus, eu não quero morrer!” Longe de querer concorrer com algumas emissoras de tv e rádio, consequentemente, com seus programas anódinos, ditos populares, mas que na verdade, são uma ofensa ao povo simples, pobre e da periferia, quero fazer uma reflexão sobre os danos culturais destes e um desabafo quanto ao “lixo” que se instaurou em nossos meios de comunicação e interação, especialmente, os regionais. Vale ressaltar que a cultura forma o povo e o povo se expressa pela sua cultura, mas é verdade que muita mentira vai ganhando audiência e nos tornando escravos de ideias absurdas que retira do pobre a sua nobreza de pessoa, da mulher a sua dignidade e dos suburbanos o seu potencial de pensar e agir quando usam a sua imagem em reportagens reduzindo-a a uma sinopse de filme de terror ou de obscenidade. Portanto, diante desta realidade o corpo se apresenta: ora crivado de balas (incessante e constantemente), ora com pouquíssimas roupas, onde a atração maior é tirar a pouca roupa ou mostrar as suas peças íntimas que estão não mais para cobrir a sua intimidade, mas para as suas partes íntimas encobri-las.

Porém, antes, desejo fazer uma ressalva aos meios de comunicação sérios e que trabalham para trazer a informação e a formação para o ouvinte ou o telespectador. Hoje são raros, mas existem inclusive programas com investigações sérias, de caráter educativo ou de humor que não denigrem a pessoa humana. Entretanto, compreendo que alguns programas de tv, de forma especial, faz da miséria humana, um espetáculo, onde os telespectadores são os mesmos que são expostos. O bom é que alguns destes, dito “programas populares”, tiram férias, principalmente os que são transmitidos em rede nacional. Assim sendo, a forma como se apresenta a miséria humana tornou-se objeto de diversão para o próprio ser humano e ainda, objeto de lucratividade para os grandes empresários e promotores, que investem nestes “espetáculos”. Nós rimos com vídeo-cassetadas, não nos chocamos mais com um corpo estendido nas ruas, não nos preocupamos com quem está assistindo - se é adulto ou criança -, não refletimos sobre o conteúdo que invade nossos lares, emfim, somos engolidos por um “pessimismo, dito popular”, como se fosse normal.

Se for verdade que a cultura forma o ser humano, não será menos verdade que o que o homem faz pode transformar-se em cultura. Como agirmos diante desta cultura midiática que se instaura, onde usa a pobreza e a miséria humana para nos dizer que está mostrando a verdade nua e crua? Será que somos só isso? Nosso povo pobre e miserável da periferia ou de qualquer lugar de nossa cidade não seria, antes de tudo, trabalhador, que luta pela sobrevivência, tem fé e caminha para ter uma vida melhor, mesmo diante das misérias? Sabemos que a realidade da violência e das drogas tem assolado o mundo inteiro, mas não podemos atribuir a apresentação desta realidade, com a realidade propriamente dita. Esta última se refere ao que o ser humano é de fato: paradoxal em todas as dimensões de sua vida. Mas, não podemos tornar unilateral e confundir esta realidade com a forma dela se apresentar, pois assim estaremos definindo e não apontando. Seria como se crêssemos “gabrielamente”: nasceu assim, é assim e vai ser sempre assim...

Olhemos para o atual cenário televisivo: Que venha o povo para a frente de uma tv, em pleno horário de almoço para vê aquele corpo metralhado que vai aparecer num bairro pobre de Salvador. Mas, cuidado! Poderá ser um parente seu e a reportagem pode colocar a sua família numa exposição sem igual; Na Mira estamos nós: reféns do que existe de pior, poluindo nossas crianças com um conteúdo barato, disfarçado de reportagem, regido por um sistema bruto; Tudo é um verdadeiro Bafafá, onde o veículo de comunicação vai perdendo a sua finalidade e transformando-se numa lavanderia, servindo apenas para lavar roupa suja. Dizem que, “quem tem boca vai a Roma”, mas, Se liga Bocão, pois seu apito parece surdo, favorece, às vezes, mais aos marginais que a própria população que vive amedrontada pelos alardes de sua “bocona”. É preciso fazer um Balanço Geral para que, diante do entulho midiático que jogam em nossa casa saibamos apresentar um merecido cartão vermelho. Temos muitos apresentadores que são verdadeiros profissionais, trabalham pela competência e na seriedade, outros não sabemos nem se estudaram verdadeiramente.

Aos que se pré-dispuserem ler esta reflexão-desabafo, perdoe-me se uso palavras duras e frias, mas a situação está tão séria que não sabemos mais aonde vai parar tudo isso. Precisamos criar ambientes de discursão e ajudar a população, principalmente mais simples, a não permitir que façam de sua miséria um show e brinquem com coisa séria. Sabemos que a miséria existe, mas a banalizamos quando enfatizamos um único aspecto, pois para quem assiste, só tem duas alternativas: ou fica com medo, cria pânico e não sai de casa ou dá uma de valentão e começa a crer que tudo é normal neste mundo cão.

Ah, mas quando deixam de falar de tráfico de drogas, assassinatos eles dão um “lanche midiático” para o telespectador e apresentam alguns assuntos apetitosos: a professorinha que deixou de dar aula para receber um “trocado” e tornar-se dançarina. Um detalhe: ela dança “toda enfiada”; uma lástima: banaliza a profissão de dançarina e mais ainda a de professora. Aliás, onde ela estudou? Resta-nos saber o que ela ensinava aos alunos e aos filhos. Não, mas para entreter o telespectador, estes programas dão brindes e prêmios. Pura enganação para comprar a sua audiência e ainda lesar o seu bolso para patrocinar a banalização da vida humana.

Portanto, caro leitor, três coisas podemos constatar, num pequeno insite: os pobres e de periferia são os protagonistas, os telespectadores e os patrocinadores de seu próprio espetáculo veiculado por este tipo de mídia. Não se trata de negar os problemas estruturais, políticos, sociais e familiares que acontecem na periferia de nossa cidade e do mundo, mas de respeitar o lugar sagrado em que cada pobre vive: alguns porque não têm opção, mas é onde vivem. Depois, não se trata de moralismo, mas de não permitir desnudar e colocar a exposição, no museu midiático, a todo instante, as aberrações e desconcertos da vida, a violência e as atrocidades de marginais que ferem o seu caráter. Portanto, selecionemos melhor os nossos canais televisivos e até de rádio, como também ajudemos as nossas crianças a fazerem o mesmo e coloquemos estas questões em debate para os jovens, para que fazendo uma releitura dos fatos sejam capazes de aumentar a sua consciência crítica e não uma audiência atrofiada. Assim, futuramente, poderemos gritar: “Obrigado, meu Deus, pelo socorro, eu não morri!”

Um comentário:

  1. Diácono Paulo,

    Já nos conhecemos, quando vc fêz o Agapetrapia eu estava trabalhando. Gostei muito da sua matéria sobre os programas de hoje da nossa Televisão.Essa frase "Socorro meu Deus me ajude eu não quero morrer" relamente é chocante no ponto de vista religioso como do ponto de vista social. Precisamos respeitar as pessoas, Poque o que acontece com um acontece com. Se fosse da familia deles, reagiriam assim?

    Deus nos abençoe. "Estamos no mundo. mas....não somos do mundo".Vamos fazer a diferença.

    Lucia Lira

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