2010 foi...
Caros amigos e amigas, depois de uma temporada com poucas atualizações, neste espaço midiático, desejo, sob a luz de uma retrospectiva, olhar e re-olhar os acontecimentos que marcaram o país e o mundo. Lógico que não se trata de uma recordação absoluta de todos os acontecimentos que nos cercaram em 2010 e, nem muito menos, oferecer algumas receitas de simpatias para colocar excessivas expectativas no ano que iniciamos. Creio, acima de tudo, que Deus esteja conosco e que não nos desampara, por mais que as tempestades venham e os grandes acontecimentos tentem nos engolir. Como teólogo, não poderia deixar passar despercebida a oportunidade de interligar os acontecimentos que circundam o drama humano com a teologia. Afinal, fazer teologia é tocar o céu com os pés no chão.
2010 foi aberto com uma grande catástrofe em Angra dos Reis-RJ, deixando um grande saldo de mortos e de bens materiais perdidos por causa das fortes chuvas que ocasionaram terríveis desabamentos. É bem verdade que 2011 entrou nos ensinando a mudar o vocabulário e acrescentando ao dicionário a palavra “presidenta”, aplicando a nossa primeira presidenta eleita, Sra. Dilma Roussef (PT), apesar dela não ser a primeira a “governar” o nosso país, pois há tempos fizemos a experiência de sermos governados, sob outro regime, por uma outra mulher, a princesa Isabel (1846-1921), antes da República ser proclamada, em 1889. Mesmo que a disputa presidencial, em 2010, tenha sido acompanhada de uma aparente tranquilidade (parecia até não ter um contra-partido, mas ainda tenho as minhas dúvidas), muitas polêmicas cercaram a sua candidatura, o governo de Lula, a fé brasileira, as relações internacionais, a moral e os bons costumes. E, ainda que o país tenha balançado o poder de Lula e de Dilma, a vitória foi constatada no segundo turno.
Não é somente no meio político que o país ganhou destaque. O nosso país bateu recorde em violência, tornou-se menos tolerante: na família, com grandes crimes, como o “Caso Isabela”; no meio artístico e até nos campos de futebol, como foi o “Caso Bruno”. 2010 foi um ano rico: grande maioria possui seu próprio automóvel. Sonho realizado e problema instaurado: tráfego intenso, grandes engarrafamentos, imprudência dobrada, megas construções de viadutos e rodovias, promessas de metrôs aqui e ali. A verdade é que esta riqueza nos trouxe muitas pobrezas: muitos acidentes, poluição generalizada, saúde fragilizada e falta de consciência ecológica. Poucos ousam gritar e salvar a natureza e esta “geme como em dias de parto” (Rm 8,22). Em nossa cidade, cresce o mercado imobiliário e a área verde da Paralela vai sendo devastada, Salvador vai crescendo para o alto, quase que uma reconstrução da Torre de Babel (cf. Gn 11, 1-9). Esperamos que o objetivo não seja o mesmo.
O que dizer das drogas senão que elas são o mal do século? Famílias destruídas, relações fragilizadas, sofrimentos a todos e marginalidade em alta. Tráfico de drogas, assassinatos, chacinas... parece que tudo se tornou normal. Estamos nos tornando insensíveis. E ainda existem aqueles que defendem a legalização. É uma mente vazia querendo esvaziar a mente dos mais jovens e fracos. Por causa da droga, muitos morrem, ferem, destroem, invadem e atiram. É polícia? Pode ser, pode não ser. Só sabemos que os nossos jovens estão sumindo. Saem pra noitada e não voltam mais. As drogas parecem ser um caminho... Caminho de ilusão e fantasia, mundo sem volta...
Politicas públicas para a juventude! Este é o grito de muito tempo, mas pouco escutado pelas nossas autoridades, embora reconheçamos que existem boas iniciativas e incentivos. É verdade que, no nosso país, dados comprovam um índice alto de novos empregos que surgiram, mas não é menos verdade que muitas outras realidades acompanharam: casamentos imaturos, gravidez precoce e outros. A sexualidade e a afetividade dos nossos jovens tornaram-se em promiscuidade. Só prazer...
Por fim, voltemos à catástrofe de Angra dos Reis-RJ. Estamos à um pouco mais de um mês e as manchetes parecem se repetir. Desta vez, São Paulo e Rio de Janeiro foram os estados escolhidos. As chuvas chegaram derrubando as imperfeições humanas e as vidas estão sendo levadas. Seria um problema novo, o transbordamento do Rio Tietê? Não seria o mesmo que transborda com as grandes chuvas, quase que a cada ano? E, o que dizer das cidades de Nova Friburgo e Petrópolis, no Rio de Janeiro? Porque não houve providências? Outras coisas mais importantes? O aumento salarial do povo brasileiro em menos de 10% ou dos parlamentares em mais de 60%? As férias do senado brasileiro e a eleição de Dilma? As campanhas carregadas de photoshop e maquiagem, custeadas pelos cofres públicos? São muitas as perguntas, mas as respostas nem sempre podem ser categóricas e, sim provocativas.
O que nos resta, pobres brasileiros, a não ser a esperança? Esperança de que tudo será diferente, que não seremos enganados e que nosso apito não será surdo. Esperança de um mundo melhor e que o amor possa imperar. É verdade que temos muitos motivos pra júbilos, mesmo em meio às adversidades da vida e da história, afinal, somos o país escolhido para sediar a próxima copa do mundo e os jogos olímpicos e, mesmo em meio a fantasia e ao auto-marketing, a polícia deu provas de que ainda existe, ao dominar a Comunidade do Alemão no Rio de Janeiro. Mas, ainda nos perguntamos: para onde foram os marginais que fugiram do Alemão? Por que nosso governo insiste em manter o ex-ativista italiano da esquerda, Cesare Battisti como refugiado político, quando, na verdade, deveria ser extraditado para o seu país e pagar pelos seus crimes? Por que aumentamos as faculdades e facilitamos o crédito estudantil, mas decaiu o ensino médio e a credibilidade no ensino superior? Bom, nos perguntamos, porque são as grandes perguntas que movem a busca das grandes respostas. Que 2011 nos responda...
Pe. Paulo Nunes
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